quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Arquitetura Renascentista


Produzida durante o período artístico do Renascimento, que abarcou nos séculos XV e XVI, caracteriza-se por ser um momento de ruptura na História da Arquitetura, em especial com respeito ao estilo arquitetônico prévio: O Estilo Gótico; enquanto, pelo contrário, procura sua inspiração em uma interpretação própria da Arte Clássica, em particular em sua vertente arquitetônica, considerada momento perfeito das Belas Artes.

As inovações produzidas em diferentes esferas, tanto nos meios de produção (técnicas e materiais construtivos) como na linguagem arquitetônica, começaram a ficar em evidência e passaram a ter uma adequada e completa teoria e ação.

Outra das notas que caracteriza este movimento é a nova atitude do arquitetos, que passaram do anonimato do artesão, à uma nova concepção da profissão, marcando o estilo pessoal de cada artista. Isto é, a estrutura do Humanismo enraizava-se aos conceitos da sociedade daquela época.

Os aspectos abordados mais adiante relacionam-se à uma abordagem mais profunda sobre evidências, características e diálogos da Arquitetura nas Igrejas na época Renascentista.


*Profanismo e Religiosidade


“A arquitetura do Renascimento se baseia nos grandes estilos passados, em uma hierarquia de valores que culminam com os valores absolutos da arquitetura sagrada.”


O estilo da Igreja Renascentista tem um valor simbólico, ela expressa a ânsia de mudança que o Século e o estilo de vida das pessoas exigiam, ao mesmo tempo que a vontade de reaproveitamento dos elementos Clássicos e rebuscados.

O uso de abóbodas, o abandono das Igrejas em forma de cruz e a centralidade adotada na planta demonstram de forma efetiva demonstram o máximo expoente da arquitetura renascentista.

No entanto, novos questionamentos passaram a ser feitos e as características trazidas pareceram insatisfatórias: “Onde situar o altar?” Esta pergunta perdurou durante muito tempo até ser respondida, e com ela, foram trazendo novas respostas que passaram a ser vistas como verdades absolutas.

Alberti encontra em nove formas geométricas a base para as construções renascentistas, entre essas formas encontra-se: círculo, quadrado, hexágono, octágono, decágono e dodecágono. Alberti ainda explica em seu livro que estas figuras, tidas como base da Igreja, podem ser enriquecidas com capelas, e cria ainda uma forma de relação espacial e comparação de escala para esta construção.

O escritor ainda deixa explícito sobre as características de uma Igreja Ideal. Segundo ele, esta deve ser a maior construção da cidade, possuir o maior ornamento e sua beleza deve superar o inimaginável.



“Sem equilíbrio orgânico e geométrico a divindade não pode ser revelada.”


Nesta época conta-se, portanto, com uma receita de construção. Isto é, uma série de detalhamentos e recomendações de como fazer determinado edifício.

No entanto, uma não é apenas a proporção das capelas comparadas com a planta central, ela também tem um entorno, deve rebuscar uma bela praça, um sino que é quase obrigatório e estar enquadrada diante de uma infraestrutura aceitável. Não deixo de frisar aqui, a importância dada aos materiais utilizados que, em sua maioria, eram objetos preciosos e de valor.

Quanto à cúpula renascentista, deve-se saber que a magnitude da sua escala está relacionada com a vontade de fazer o observador se sentir elevado e, portanto, mais próximo de Deus.

Na maioria das vezes as Igrejas de plantas redondas são descritas como as mais perfeitas obras do Renascimento. Posteriormente, vê se as igrejas de planta retangular.

A grande ironia do Sagrado e Profano do renascimento emprega-se no sentido da Igreja Católica relutar contra os ideais humanistas e acumular dentro de seus territórios obras realizadas por homens de ideais racionalistas e tipicamente renascentista.

O Sagrado e o Profano dentro de um mesmo território. O que delimita a ambição do homem, nada mais é que a vontade dele próprio querer ele ser homem.

*O Homem e a Construção


“A música e a geometria são basicamente uma mesma coisa.”


A grande tacada de Leonardo Da Vinci ao demonstrar ao mundo as formas geométricas do homem vitruviano e trazê-las para a realidade e para a Arquitetura, foi uma explosão de informações trazidas para a sociedade, na época.

As dimensões, a perfeição e a harmonia do corpo humano foram provadas através de um Círculo e um Quadrado, rabiscado por muitos mas interpretado por poucos. Através desta materialização, o corpo humano passou a ser um emaranhado de figuras geométricas perfeitas prontas para influenciarem todo o conceito de nova visão desenvolvido até então.

Estes projetos trazidos de forma matemática e muito teórica se materializaram mais do que se pode pensar. Além das influências trazidas para a visão atual, a Igreja S. Maria Della Consolazione, que mais parece estar baseada nos desenhos de Da Vinci tem a qualidade peculiar e a estrutura geométrica como resultado evidente das tendências Renascentistas de Vitruvio.

Desvendando os segredos da Natureza e explorando as proporções humanas, esta figura é a expressão formal do símbolo da correspondência matemática entre o microcosmo e o macrocosmo. A melhor maneira de expressar a relação entre Deus e o Homem era, se não, construir a casa de Deus de acordo com a geometria fundamental do Quadrado e do Círculo. Isto é, do homem.